Futebol Interativo

13/02/25 | Leitura 5min

A renovação do Manchester City

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A renovação do Manchester City


Por Marcus Arboés

Que essa temporada do Manchester City está bem abaixo você já sabe, e que o clube decidiu investir no mercado, também. Mas você sabe quais características foram buscadas nos grandes reforços de início de ano para o time de Pep Guardiola e o que isso indica? Te conto a seguir!

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Desde a temporada passada, para se adequar a Haaland, Guardiola mostrou buscar versatilidade dentro das suas ideias para buscar um jogo mais vertical e dar soluções táticas para o seu time. E, a partir disso, começamos a ver uma procura por contratações que oferecem versatilidade ao elenco e não necessariamente suprir lacunas de jogadores que saíram, ainda que a mais importante e pontual compra de atleta tenha sido nesse sentido. Por isso, separamos quais as características principais desses jogadores e como eles podem ser úteis para ajudar nos problemas que os azuis têm enfrentado.

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Omar Marmoush

Atacante egípcio de 26 anos, comprado junto ao Eintracht Frankfurt por 75 milhões de euros.

Guardiola, por onde passou, sempre gostou de contar com um atacante de movimentação, que pudesse atuar nos espaços entrelinhas, como um segundo atacante, ou até mesmo um falso 9 que interpreta muito bem os espaços. Com a saída de Álvarez para o Atlético de Madrid, Haaland ficou sem uma "sombra" e Pep sem um jogador que pudesse cumprir essas funções com mais excelência sem necessariamente ser improvisado, como ele já fez com Gündogan, Bernardo Silva e outros jogadores.

Pelos números extraordinários que vinha fazendo em participações diretas nos gols do Eintracht Frankfurt, já se projetava que Omar Marmoush fosse ser um nome extremamente disputado no mercado de transferências, mas o Manchester City venceu essa corrida muito rápido, por um jogador que, diferente do que geralmente vemos por aí, teve um "boom" tardio, já depois dos 24 anos de idade. O egípcio não é um jogador promissor e sim um atacante pronto, com uma característica que estava em falta no lado azul de Manchester.

A principal característica de Marmoush é enganar os defensores para utilizar os espaços com muita intensidade e velocidade, mas ele não se resume a um jogador que usa a profundidade. É até mais interessante que ele receba a bola para conduzir e não em progressão de velocidade, em algumas situações, afinal, apesar de jogar no entrelinhas dentro de um modelo posicional, por trás de um camisa 9 (Haaland), ele é muito mais um carregador do que um passador, ainda que possa fazê-lo bem em algumas situações. Foden é um jogador driblador e definidor nesses espaços curtos, De Bruyne um armador finalizador, já Marmoush, é um condutor.

Essa é uma característica não muito utilizada no City, mas que Guardiola tem buscado mais, como em jogadores tipo Savinho, que tem essa capacidade de ganhar metros individualmente e dar progressão nos espaços com bola. Além disso, Marmoush é um jogador muito participativo na definição das jogadas e uma possível arma forte em bolas paradas.

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Nico Gonzalez

Volante espanhol de 23 anos, comprado junto ao Porto por 60 milhões de euros.

A lesão de Rodri escancarou uma carência que nunca foi suprida no mercado pelo Manchester City: um primeiro volante com capacidade de gerir a organização do time, de cobrir espaços, dar segurança e dominar o meio de campo dentro do jogo de posição. Rodri é o jogador-sistema de Guardiola e poucos nomes no futebol de alto nível conseguem compensar sua ausência. Até por isso, quando se pensa numa contratação para a posição nos azuis, se fala de Zubimendi, seu reserva na própria Espanha.

Só que, na hora de contratar, o City decidiu partir por outro caminho. Nico González, formado por La Masia e titular do Porto na última na atual temporada, é um jogador que pode agregar bastante, mas não sendo um substituto de Rodri para jogar como primeiro volante. Se fossemos definir uma posição/função para Nico, seria de um segundo volante que pode ser tanto organizador, quanto box-to-box.

Por mais que ele seja alto, tenha bons passes progressivos e uma excelente capacidade física e de uso dos espaços para escapar de situações de pressão em curto espaço, ele não parece o tipo de jogador que renderia como primeiro volante numa saída em 3+1 ou 4+1, como Rodri faz muito bem. No Porto, por exemplo, vinha jogando em dupla de volantes, em uma saída 3+2. Com bola, ele pode ajudar na conexão, progressão de passes mais longos por dentro e por fora (cultura do jogo posicional europeu) e facilita muito ser um jogador da escola de jogo de posição do Barcelona, pela noção de uso dos espaços e das distâncias de localização dentro do jogo, em relação aos adversários.

Além disso, sua principal característica não é com bola e sim, sem. Ainda que não seja um exímio marcador e que não desarme tanto, possui um tempo de reação e uma mentalidade que é muito útil na marcação por pressão alta e nas ações após a perda da bola. Até estatisticamente, de acordo com dados do Wyscout, possui uma média de 4.5 recuperações de bola pós-perda por jogo. Um número alto que ajuda a dominar o meio de campo na falta de um Rodri, já que, jogando por dentro, Kovacic, Lewis, Matheus Nunes, Stones e Bernardo Silva, não oferecem exatamente isso.

Ele repõe mais um Gündogan do que um Rodri. Pode jogar como 5 ou 10, é versátil, mas não espere nada de absurdo dele nessas funções!

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Abdukodir Khusanov

Zagueiro uzbeque de 20 anos, comprado junto ao Lens por 40 milhões de euros.

Apesar das duas principais contratações serem de um atacante e de um volante/meia, a principal reformulação no Manchester City, parece ser na defesa. O time de Guardiola buscou 3 jovens promissores para a posição que mais tem dado trabalho para o treinador nessa temporada. Defensivamente, O City tem tido muitos problemas, tanto de tempo para reagir e agir em alguns situações de jogo, de gesto técnico defensivo, mas principalmente por uma lacuna mais psicológica: defensivamente, é um time sem confiança e que se desconcentra muito fácil a ponto de cometer erros absurdos, inimagináveis na última temporada.

A principal fragilidade defensiva, e também principal risco pensado do modelo de jogo proposto por Guardiola, é a proteção das costas da última linha. Para marcar uniformemente em pressão alta ou se expor todo no campo do adversário, o City muitas vezes encontra falhas táticas e técnicas com o campo muito aberto. O jogo contra o Feyenoord é um exemplo. Dos zagueiros, só Gvardiol é muito acima da média na transição defensiva, mas esse já joga numa posição mais avançada, praticamente sendo lateral esquerdo e até volante do time.

Por isso, uma das características procuradas pelo time azul de Manchester é a de um zagueiro com enorme potencial físico que consiga proteger o time exposto no campo do adversário. Khusanov é uma das principais promessas do futebol asiático e vinha se destacando no Lens justamente pelas suas valências físicas. Ele é muito bom marcando na pressão pós-perda e fazendo uma marcação em bloco alto, com perseguições agressivas capazes de combater atacantes de alto nível com muita maturidade. Além disso, é muito rápido e incisivo na recuperação/recomposição e/ou na transição defensivo. Joga bem perfilado em situações de bola descoberta e, se a bola for lançada nas suas costas - o que já é difícil - ele recupera bem.

Seu bônus é poder jogar em todas as posições da zaga do City, mas já foi testado como um zagueiro direito aberto em trio. Possui características diferentes de Walker, mas isso mostra Pep buscando soluções para essa lacuna.

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Vitor Reis

Zagueiro brasileiro de 19 anos, comprado junto ao Palmeiras por 37 milhões de euros.

A sétima maior venda da história do Brasil e zagueiro mais caro da história do país é quase o oposto de Khusanov em essência, pois possuem características distintas e necessárias para as lacunas no time de Guardiola. Enquanto o uzbeque é um jogador de muita valência física, que possui combates mais insinuantes, Vitor Reis é um zagueiro tranquilo, que faz desarmes mais técnicos, calcula mais o tempo do bote e se caracteriza muito pela leitura dos espaços, lembrando o início de carreira do Thiago Silva, para muita gente.

O ex-jogador do Palmeiras, que também já fez sua estreia como zagueiro pelo lado direito, é mais construtor e possui um papel muito mais ativo na saída de bola, pela inteligência tática para atrair o marcador, ler distâncias e espaços; frieza emocional, além da capacidade técnica de driblar, conduzir e passar a bola em situações de pressão e uma boa capacidade de fazer inversões e passes progressivos. Acima de tudo, para um rapaz de 19 anos, Reis é extremamente seguro e confiante nas suas ações, excelente para a idade.

Sem a bola, como já dito, é um jogador mais técnico, que se destaca mais pela intensidade na antecipação, tendo um ótimo jogo aéreo defensivo e imposição nos espaços, calcula bem o tempo certo para dar o bote sem necessariamente buscar o contato com o corpo do jogador adversário, como Khusanov faz, e até fazendo um movimento de acordo com os desmarques dos adversários para controlar as distâncias.

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As últimas declarações de Guardiola deixam claro que ele não tem muito poder sobre a situação emocional do time, que pode ser realmente o problema de uma temporada e que, obviamente, não se resume só a ausência de Rodri. A sequência de lesões e a falta de confiança interna do clube, até do treinador de fora para dentro, afeta diretamente na temporada abaixo que o Manchester City vem apresentando para o mundo, mas a mudança já começou.

Já havia começado, assim podemos dizer, com a chegada de Savinho e, agora, desses quatro jogadores, além de Juma Bah, zagueiro de Serra Leoa que veio do Valladolid e está emprestado para o Lens. O que podemos notar é que as características buscadas do meio para frente não necessariamente preenchem lacunas do elenco, mas trazem uma renovação até para mudar os ânimos e encerrar ciclos antigos para iniciar novos, inclusive em idade.

Um segundo volante de jogo de posição, um zagueiro físico, um zagueiro técnico, todos ainda bem jovens, e um segundo atacante versátil que, esse sim, preenche uma lacuna considerável. O movimento de Guardiola não foi de resolver problemas com a proposta de jogo do elenco atual e sim de criar algo novo!


Para poder encontrar nomes com características adequadas para as intenções de Guardiola, o Manchester City possui um departamento de scouting extremamente profissional, que trabalha com observação em todos os cantos do mundo, buscando nomes promissores com alto potencial de investimento.

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