Futebol Interativo

17/01/25 | Leitura 6min

Luiz Henrique não se tornou Rei da América por acaso

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Luiz Henrique não se tornou Rei da América por acaso


Por Marcus Arboés

Luiz Henrique foi o grande destaque do futebol brasileiro na temporada de 2024, se tornando Rei da América, campeão brasileiro e chegando na Seleção. Para alcançar esse sucesso, o atacante trabalhou muito e investiu em uma "comissão particular" além do clube, se dedicando mais ainda a estar bem em todos os campos do futebol: físico, técnico, tático e mental. Conversei com algumas pessoas do staff do atleta para entender o segredo deste alto rendimento.

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Desde a chegada de John Textor e da mudança interna do Botafogo, os vários departamentos da pasta futebol foram reforçados, melhorados e mais profissionalizados dentro do clube. Hoje, o Glorioso conta com um departamento de análise recheado de profissionais do desempenho e do scout, um departamento de saúde e performance com grandes profissionais do mercado brasileiro, psicólogos e muitos outros responsáveis pelo apoio ao grupo de jogadores.

Só que, no futebol, a cada dia que passa, a demanda por informação, riqueza de detalhes, tem feito a diferença na performance coletiva e individual de um atleta. É muito comum no alto nível, vermos jogadores do Real Madrid, por exemplo, formando um staff próprio e particular além daquilo que já é ofertado pelo clube para o acompanhamento diário e que esses profissionais trabalhem e enriqueçam ainda mais o desenvolvimento e cuidado com o atleta.

Por mais que não seja uma realidade possível para muitos jogadores, poder investir nisso, em diferentes níveis, tem se tornado mais e mais importante. E não foi diferente para Luiz Henrique, que contou com muita disciplina e vários braços numa comissão particular que, em conjunto, lhe ajudou a erguer a taça da Libertadores, chegar na seleção brasileira, ser campeão do Brasil com o Botafogo e receber o renomado título de Rei da América.

Nesse artigo, vamos conhecer alguns dos personagens que contribuíram com as conquistas do atacante, heróis que estão trabalhando nos bastidores e não costumam aparecer, mas são essenciais no sucesso do atleta.

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O time por trás do Rei da América

A formação do staff que dá todo o suporte para Luiz Henrique foi feita de forma criteriosa e responsável, tendo uma mudança impactante no meio do ano, em Junho de 2024, quando essa equipe inteira foi consolidada para que o jogador obtivesse sucesso. A primeira e principal mudança ocorre nesse período, com o jogador passando a ser representada por duas empresas de gestão de carreira de atletas: Reason Football e Matos Football.

Todo staff do Luiz Henrique adere a partir de uma indicação de pessoas próximas e de confiança, mas todos os que atendem são aprovados pelos empresários Junior Mendonza (primeira foto acima), Vinícius Matos e William Bento (segunda foto, da esquerda para a direita), responsáveis, desde Junho, por todo o cuidado com a carreira do jogador e por avaliarem quem irá cuidar de cada campo.

O trabalho é apresentado, aprovado e iniciado com o atleta, com interação entre os diferentes setores. Isso vale para preparação física, mental, assessoria e análise de desempenho.

Performance e cuidado com o corpo

Ainda nas categorias de base, a trajetória de títulos começaria com os caminhos de Luiz Henrique e do ainda estagiário e educador físico Kadu Fadel, que trabalhou com o atleta no sub-15 e no sub-17 do clube tricolor. Os anos se passaram e ambos construíram suas caminhadas, até que Luiz Henrique, já antes de voltar ao Brasil, começou a se planejar para treinar com Kadu.

O serviço oferecido pela 2F Performance e Reabilitação, empresa do Kadu, é um adicional essencial que conversa diretamente com o trabalho realizado com o jogador dentro do clube. Só que, dentro do time, há um elenco recheado de jogadores e é difícil individualizar os processos, quando cada um tem o próprio corpo e precisa de estímulos diferentes para alcançar saúde, performance e desempenho. O próprio Kadu destaca que o diferencial desse tipo de acompanhamento é justamente se adequar a carga de treinamento do calendário semanal do clube, o tempo de recovery, entregando para o jogador, além do treino físico ou de potência, um treino de performance.

Todo o processo de recuperação do jogador passa por treinos voltados ao recovery com cargas variáveis. Depois da mobilidade, Luiz Henrique ainda passa pelo processo de liberação miofascial - técnica de terapia manual que alivia dores musculares e previne lesões, realizadas pelo Fábio Leonardo, que além de cuidar da parte da massagem, é um assessor direto que leva, busca no treino e é um personagem importantíssimo na “correria” do dia-a-dia do atleta.

Na recuperação, Luiz Henrique também passa por alguns aparelhos, como a bota de compressão pneumática, que serve para a recuperação muscular e a câmara hiperbárica - um presente do empresário Junior Mendonza, equipamento possibilita que o usuário respire um oxigênio 100% puro. Com isso, há um aumento na quantidade de gás transportado no sangue. Essas ferramentas foram essenciais para que o atacante se mantivesse saudável ao longo de 2024.

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Como funciona e para que serve o treino de performance?

É realizado um trabalho de estabilidade, mobilidade e padrão de movimento. A ciência indica que quanto melhor for o padrão de movimento da corrida, menos o jogador gastará energia e, consequentemente, poderá performar por muito mais tempo. É normal que os atletas tenham mais energia para performar até a metade do segundo tempo antes de ter um declive, se desgastando mais para qualquer ação e movimento de jogo.

É nesse momento que o atleta que faz um trabalho de performance se destaca, pois ele "correu certo" o jogo inteiro e terá um rendimento mais completo e adequado na reta final do jogo. É exatamente o que vemos no exemplo do Luiz Henrique: no começo do jogo, ele até pode driblar o adversário, mas esse ainda terá condições físicas de reagir ao movimento do atacante para se recuperar na jogada e marcar melhor. Após a metade da segunda etapa, principalmente a partir dos 30 minutos, esse mesmo tipo de duelo em campo favorece muito mais ao atleta performando para fazer a diferença numa partida de alto rendimento, passando por cima, inclusive, de questões táticas.

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Por estar com os níveis energéticos muito altos, o atleta também flerta menos com o que Kadu chama de "Red Zone", a zona da lesão. Por isso, o jogador que faz o trabalho de treino de performance, tem uma tendência à prevenção de lesões. Isso não significa que ele não irá se machucar, afinal, às vezes uma lesão vem de uma pancada violenta no jogo ou de um acidente, mesmo, mas o treinamento reduz os danos causados ao atleta.

Kadu Fadel cita o exemplo de André, volante do Wolverhampton, com quem trabalhou por três temporadas. Na primeira, o jogador se machucou três vezes; na segunda, duas vezes; na terceira, ele não se machucou. E, apesar de ser volante e ter muito enfrentamento por ser um jogador defensivo e combativo, criou um arcabouço de gatilhos no corpo para se prevenir lesões e perder jogos na temporada.

Luiz Henrique, para o personal, foi muito feliz na montagem de equipe, selecionando profissionais adequados para cada função do staff.

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Força mental: confiança e concentração.

Ao longo da montagem dessa comissão, a Nathália Ribeiro, assessora de investimentos do jogador, indicou, com aval dos empresários, o trabalho do Mental Coach Cleiton Carvalho, grande responsável para que Luiz Henrique pudesse lidar com diversas situações adversas ao longo da temporada, a partir de Junho de 2024, construindo uma mentalidade auto-confiante e vencedora.

As sessões de Luiz Henrique com Cleiton aconteceram online semanalmente e também no pré-jogo. Os principais desafios, ao longo da temporada, na mentoria de alta performance, era a manutenção da confiança e da concentração, afinal, assim como muitos jogadores de alto rendimento, o atacante tinha alguns momentos em que se dispersava um pouco do jogo, mas teve uma clara e notória melhor em relação a isso, principalmente se considerarmos a quantidade de situações ofensivas de impacto geradas no jogo e o destaque na disciplina tática em partidas cruciais da temporada. Um exemplo muito claro disso é a atenção dele para ter a posse de bola na jogada em que sofre o pênalti convertido pelo Alex Telles.

O outro fator determinante na mentoria foi uma construção e recuperação da percepção de Luiz Henrique sobre si mesmo. Um jogador terá um rendimento muito melhor quando está mais confiante de si, principalmente um ponta ofensivo como o Luiz, que gera jogo através de jogadas individuais, do drible, da autonomia e da tentativa e erro, mas essa auto-confiança também pode se perder no meio do processo de oscilações, com profissionais de todas as idades e em todos os tipos de contexto. Luiz Henrique construiu uma confiança para se destacar, ser protagonista, ter autonomia e a percepção de si, do tamanho que tem e do craque que é para fazer a diferença em todos os momentos em que estivesse em campo.

Cleiton Carvalho acredita que a busca do atleta pela mentoria de um Mental Coach é a busca por um trabalho individual sustentável, duradouro e com resultados rápidos e diretos na mentalidade do atleta. Hoje, por mais que os clubes tenham psicólogos internos ou nas comissões - que é um trabalho e acompanhamento diferente -, é muito difícil de vermos Mental Coaches nas comissões, salvo alguns casos, como a equipe de Jorge Jesus no Flamengo.

O cuidado com a imagem de um campeão

Os representantes de Luiz Henrique tiveram o cuidado de buscar uma assessoria de imprensa que trabalhasse de forma eficaz na imagem do jogador. Afinal, com as múltiplas possibilidades oferecidas pelas redes, o desempenho em campo caminha lado a lado com a forma que a alta performance é tratada virtualmente na mídia, nos meios de comunicação e em diferentes ambientes.

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A C2 Sports é responsável, desde 24 de Junho, pelo gerenciamento dos conteúdos das redes sociais, pelos vídeos, fotos e artes veiculadas e, principalmente, por potencializar o desempenho positivo do atleta na mídia. Como você pode ver acima, o gráfico disponibilizado pelos dados do Google Trends, mostra uma gritante diferença no quanto o jogador foi assunto pesquisado e discutido, desde que passou a ser assessorado pela C2.

Acompanhamento tático

Para potencializar o desempenho dentro de campo, a C2 Sports e o Coach Mental, Cleiton, indicaram um trabalho de análise de desempenho ao jogador. Seu acompanhamento tático individual passou a ser realizado pela The Net Scouting, empresa que trabalha com consultorias especializadas para jogadores se desenvolverem e encontrarem soluções táticas nos seus jogos.

Dentro da equipe de analistas do time, Vyni Valença e Abner Tobias foram os responsáveis pela elevação do nível profissional de Luiz Henrique dentro de campo. O trabalho consiste em análises das partidas do jogador, com relatórios e encontros para fazer apontamentos de situações e ações de jogo em que ele pode corrigir, se desenvolver ou fazer diferente, além de observações de fragilidades dos adversários que podem ser aproveitadas, como visto no vídeo acima.

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Luiz Henrique é um ponta direita muito versátil, que tanto pode jogar mais aberto, buscando situações de linha de fundo, quanto gerando apoios por dentro e funcionando como um armador a mais na fase ofensiva de jogo da equipe. Os indicadores que lhe geram destaque e sucesso esportivo, são: a variação de dribles, que gera dúvida em qualquer marcador, a inteligência, o raciocínio rápido e sua obsessão pela vitória.

Para o analista de desempenho Vyni Valença, os principais aspectos em que Luiz Henrique se desenvolveu, desde o começo do acompanhamento, entram tanto no campo individual, como da percepção coletiva: domínio, drible, movimentos de finalização e a visão de jogo foram os principais quesitos progredidos pelo jogador.

Estatisticamente, a partir dos dados disponibilizados pelo SportsBase, Luiz Henrique mostrou uma considerável evolução em diversas métricas de jogo desde que começo a fazer o acompanhamento com Vyni e Abner, veja:

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As conquistas do craque se sustentam em um conjunto de pessoas no seu entorno. Analistas, personal, mental coach, o responsável pela logística, o massoterapeuta, os assessores, os empresários... todos se encaixaram de forma inteligente, sem o ego, comumente encontrado no meio profissional, com o grande fim de, em parceria e integrada, bem comunicada, ajudar o atacante.

Todos esses braços levantaram um jovem jogador que decidiu investir nisso, abrir mão de saídas, festas e alguns lazeres buscados pelos atletas para dedicar seu tempo e sua energia ao próprio sucesso. Como o personal Kadu Fadel gosta de falar, tirada do livro do Bernardinho: "A vontade de ganhar tem que ser maior que a vontade de vencer. O trabalho vai devolver".

Luiz Henrique acreditou, ele plantou o próprio sucesso e o staff potencializou tudo o que ele tinha a oferecer.


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