Futebol Interativo

08/01/25 | Leitura 4min

O que fazer quando o time perde a bola?

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O que fazer quando o time perde a bola?


Por Marcus Arboés

No futebol, todas as fases do jogo são conectadas e interdependentes, por isso, é importante pensar estrategicamente em qual a prioridade da equipe ao perder a posse de bola e de que forma estimular os padrões de comportamento, principalmente porque muitos treinadores consideram que a transição defensiva é a fase mais complicada de ser treinada.

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O que é transição defensiva?

Pela grande maioria dos teóricos e profissionais, o jogo de futebol com bola rolando é dividido em quatro etapas que são interligadas: organização ofensiva e defensiva, e transição ofensiva e defensiva. A transição é o momento em que seu time perde a posse de bola durante uma ação ofensiva.

Quando seu time perde a posse de bola, a tendência é que seja pego em um cenário de desorganização para defender, por isso, é importante ter princípios estabelecidos e treinados do que deve ser feito em determinados tipos de situação, inclusive podendo ter variações para contextos de jogo diferentes ou adversários com características diversas de transição ofensiva.

Por isso, há dois caminhos: tentar recuperar a posse da bola, impedindo o contra-ataque, ou recompondo a equipe para o campo de defesa. Dentro desses dois caminhos, há várias possibilidades das quais irei falar a seguir.


A primeira coisa que se responde, de forma óbvia, quando um time perde a bola, é que ele deve se recompor, ou seja, priorizar o máximo possível o retorno do time para o campo de defesa para impedir o gol do adversário em contra-ataque ou se reorganizar para atacar.

Dentro da recomposição, sua equipe pode priorizar a proteção do gol, ou seja, tirar o máximo de espaço efetivo que oferece mais perigo ao gol, ou uma proteção maior das extensões do campo durante o retorno para a defesa, já se projetando para se organizar defensivamente. Isso costuma variar bastante em contra-ataques do time adversário, durante uma mesma partida.

Perceba no vídeo acima que um dos jogadores cria um bloqueio do portador da bola adversário, enquanto os demais recompõem. Essa também é uma possibilidade, de que um ou mais jogadores temporizem a ação do adversário, retardando as possibilidades de contra-golpe e ganhando tempo para quem está recuando.


Pressão pós-perda

Muitas equipes, principalmente das escolas austríaca e alemã, se caracterizam pela forte capacidade de recuperar a bola durante o contra-ataque dos adversários, dando um foco muito grande na interconectividade das fases do jogo para que a pressão pós-perda seja muito agressiva e bem executada. Mas pouco se fala que há diferentes formas de se fazer isso. E, no básico, a primeira grande diferença é se temporizar ou tentar a recuperação imediata. Tudo isso varia com a intenção.

No vídeo acima, temos um exemplo de um time que deseja recuperar imediatamente a bola e por isso faz uma pressão no portador da bola com vários jogadores. Essa ideia de ação pós-perda expõe a equipe a um risco maior, caso o adversário consiga sair da armadilha, mas dá uma possibilidade de ganho maior, também.

Geralmente, esse tipo de marcação é propiciado por equipes que fazem um jogo mais curto e concentrado em um setor do campo. Por exemplo, um time com modelo de jogo funcional, que tem mais jogadores próximos ao setor da bola, terá mais facilidade - pelo menos em tese - de sufocar o adversário e gerar um caos pela quantidade de jogadores.


Já equipes que atacam de forma mais posicional, ou seja, com os jogadores ocupando mais faixas do campo, ainda podem pressionar um jogador só com vários, mas nem sempre vai ter muita gente para sufocar o setor da bola. Se estão organizados zonalmente para atacar, também estarão organizados zonalmente para fazer uma pressão pós perda, e isso facilita para um contexto de pós-perda, onde um jogador pressiona ou temporiza o portador da bola, para que os demais fechem as linhas de passe. A ideia é impedir as ações de jogo do portador da bola e obrigá-lo a se livrar dela.


Uma ideia muito parecida em intenção, mas que parte de outro princípio operacional, é a pressão pós-perda com um jogador ou mais temporizando ou pressionando o portador da bola, enquanto os demais marcam individualmente os outros. Esse modelo de ação após a perda da posse pode ser potencializado de forma mais equilibrada entre diferentes formas de atacar, já que acaba condicionada por onde o jogador estava quando acontecia a jogada.


Se nenhuma estratégia der certo, no fim das contas, você ainda pode fazer uma falta tática, que vai depender muito mais do poder de tomada de decisão do atleta e, claro, também pode ser instruído ou estimulado. Na dúvida, o ideal é que o jogador pare o ataque do adversário, mesmo que isso custe um cartão amarelo.

É importante ressaltar que a partida de futebol é extremamente caótica e seus jogadores podem ter que lidar com os contra-golpes adversários de diferentes maneiras e em diferentes contextos. O importante é que o time tenha princípios defensivos claros e estimulados para quando perder a bola durante o ataque, dando maior intencionalidade para os objetivos da equipe dentro de um jogo.

Além disso, nada aqui é uma resposta pronta e fixa, o importante é entender o que é essencial para o contexto da sua equipe, pelas características dos jogadores, dos adversários, dos momentos dos jogos e, claro do time, de como a equipe está estimulada para atacar.


Se você é, ou caso fosse, membro de uma comissão técnica, que conceito de transição defensiva você abordaria?

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